O que é estresse do cuidador (de pacientes com Doença de Alzheimer)? 

Temos avançado nas pesquisas médicas e práticas de saúde, o que faz com que vivamos mais tempo. O envelhecimento da população acarreta aumento do índice dos casos de doenças crônicas degenerativas.

Dentre as doenças incapacitantes que acompanhamos, o número de pacientes com Doença de Alzheimer tem aumentado.

A Doença de Alzheimer é uma patologia neurológica degenerativa progressiva e irreversível, com início insidioso marcada por perdas graduais da função cognitiva e distúrbios do comportamento. A doença começa com manifestações lentas e segue evolução progressiva e deteriorante, onde o paciente deixa de ser autossuficiente.

A deterioração das habilidades cognitivas e físicas, muitas vezes associada a sintomas cognitivos (sintomas psicóticos, depressão e mudanças de comportamento), resultam em sobrecarga para os que lidam diariamente com esses pacientes, representando um problema sério e complexo (de saúde, econômico e social).

O percurso desse cuidado exige tempo, dedicação e mudança de vida, trazendo extrema dor emocional aos familiares.

Porém, geralmente o cuidado recai para “aquele filho mais dedicado, para aquele filho que mora mais perto, para aquele filho que não trabalha fora agora…” São inúmeras as falas que encontramos na clínica para definir a “escolha” daquela pessoa para os cuidados do paciente.

Cuidar de alguém que possui doença incapacitante, pode levar, inclusive à Transtorno de Adaptação, com sintomas ligados à ansiedade e depressão, conforme a fase de sobrecarga emocional:

  • Desesperança
  • Falta de prazer
  • Crises de choro
  • Irritabilidade e nervosismo
  • Preocupação excessiva com o futuro
  • Desespero
  • Insônia
  • Dificuldade em alimentar-se adequadamente
  • Falta de foco
  • Sensação de estar oprimido
  • Pensamentos negativos
  • Dificuldade em estabelecer rotinas de autocuidado

Além de dificuldade nas relações pessoais:  

  • Mudanças no relacionamento com o(a) parceiro(a), 
  • Distância na relação com os filhos,  
  • Diminuição da qualidade da relação com amigos e familiares,  
  • Abandono do trabalho, de carreira, de estudo.

O tratamento do transtorno de adaptação envolve algumas abordagens. Afinal, o estresse grave e constante é uma condição que necessita de suporte em várias situações da vida.

Qual o papel do acompanhamento psicológico do(s) cuidador(es)?

Muitas vezes, comparece para acompanhamento de estresse do cuidador um(a) filha(o). Porém, em outras situações, comparecem todos os filhos, tios, irmãos e amigos do familiar doente. Aproveito para compartilhar que já cheguei a atender em consultório um grupo de 11 pessoas de uma família – todos interessados a receber acolhimento e orientações sobre o cuidado de uma senhora, o que deixa claro o quanto a atenção a ela era compartilhada por todos, não ficando alguma pessoa sobrecarregada.

Sempre enfatizo o quanto esses momentos são importantes e revertem tanto para o paciente acometido como com todos os que convivem direta ou indiretamente com ele.

Uma das funções da psicoterapia para o(a) cuidador(a) é o acolhimento de uma angústia genuína que assola a vida psicológica, pessoal, profissional, social e financeira, além da orientação específica com técnicas e ferramentas para administrar as circunstâncias adversas.

Assim, à medida que opções para lidar com as angústias e o acolhimento são oferecidos, o estresse e os outros sintomas diminuem.

Zona de conforto  

A zona de conforto compreende série de pensamentos, comportamentos ou ações que trazem a sensação de segurança, minimizando o estresse. 

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